A Linguagem de Camaco – língua do macaco – está prestes a se tornar patrimônio histórico e cultural imaterial de Itabira. Com a roda de conversa promovia pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) da Prefeitura, no Museu de Itabira, mais uma etapa do dossiê que será enviado para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas Gerais foi concluída.
O encontro foi conduzido pela historiadora e mestranda pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mariana Brescia Cruz, e contou com a participação do pesquisador Geuderson Traspadini; Nandy Xavier, músico; Roberto Quintão, aposentado; e com a equipe da DPHC, Sara Oliveira e Elyza Mendes.
“A Linguagem de Camaco faz parte da minha vida desde sempre. Ela está junto com a alma itabirana”, relatou o aposentado Roberto Quintão, que defende o movimento de preservação da linguagem do macaco. “Usávamos essa linguagem em ambiente familiar e com amigos. Os lugares onde estudei, Viçosa, São Paulo e Belo Horizonte, a gente levava essa tradição. Os itabiranos se identificavam e quando tinha um assunto de interesse apenas do grupo, era usada a Linguagem de Camaco para deixar as outras pessoas sem saber o que estava sendo falado”, lembrou.
Para o processo de reconhecimento da Linguagem de Camaco como patrimônio cultural da cidade, é necessário depoimento como esse, do Roberto Quintão. Por isso, a Prefeitura investiu em pesquisas e consultoria especializada. “É preciso levantar documentação, fotos, registros e uma série de fontes para a gente entender como esse bem se relaciona com a história do município. Para mim, a Linguagem do Camaco tem sido uma experiência muito interessante, porque conseguimos fontes e documentos que comprovam que ela é centenária”, explicou Mariana Brescia.
A historiadora destacou ainda que a Linguagem de Camaco surgiu na década de 1920 e ganhou força de geração em geração, sendo disseminada, também, nas décadas seguintes. “Poder ouvir e colher relato de pessoas que usam e falam essa língua, mostra que ela é muito especial e faz parte da história de Itabira. Por isso, precisa ser registrada como patrimônio para que continue sendo difundida e preservada como um bem muito importante da história de itabirana”, avaliou Marina Brescia.
Já o pesquisador Geuderson Traspadini, que vive em Itabira há 13 anos, estuda a Linguagem de Camaco desde 2018 e busca seu reconhecimento como patrimônio para fortalecer a cultura local. “Eu a defendo porque ela é um misto de gíria com uma linguagem específica, de um trabalho, com um jargão. A Linguagem de Camaco é uma riqueza que faz parte da identidade itabirana, precisa ser preservada e disseminada”.
Roda de conversa