Comissão vai debater como reduzir acidentes na BR-381

Debater a situação dos trechos com maior incidência de acidentes na BR-381, a Rodovia Fernão Dias, e possíveis soluções para o problema. Esse é o objetivo da audiência pública que a Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas realiza nesta terça-feira (12/9/23) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

 

Entre os trechos críticos da BR-381 que estarão em discussão está o conhecido como Rodovia da Morte, entre BH e João Monlevade – Arquivo ALMG

 

O requerimento que possibilitou a realização do debate é de autoria do deputado Lucas Lasmar (Rede). Segundo ele, entre os trechos críticos da rodovia que serão analisados está o entre Igarapé, sobretudo o trecho sinuoso de serra com grande fluxo de caminhões de mineração, e Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Entre BH e São Paulo a rodovia, que dá acesso ao Sul de Minas, é explorada por uma concessionária, que cobra pedágios.

No seu requerimento, Lucas Lasmar lembra o acidente com oito mortos ocorrido na madrugada do último dia 20 de agosto, um domingo, com um ônibus que levava torcedores do Corinthians de volta para São Paulo após partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. Sem freios, o ônibus capotou várias vezes no km 526, no trecho sinuoso depois do Alto da Conquista (Serra Azul ou Serra de Igarapé).

Segundo lembra o deputado no requerimento, o trecho é considerado um dos mais perigosos de toda a rodovia, com curvas fechadas e declives fortes, apesar de duplicado, dotado de separação de pistas por barreira de concreto e contar com acostamento.

“Nossa intenção com a audiência pública é promover um diálogo construtivo para buscar soluções eficazes. Queremos demonstrar que é viável adotar medidas em colaboração com o governo federal e a própria concessionária para preservar vidas e garantir a segurança dos viajantes na BR-381”, destaca Lucas Lasmar.

“Não podemos normalizar os números alarmantes de mortes na BR-381. A maioria dos pontos críticos da rodovia é de conhecimento público, com destaque para a chamada Serra da Morte, na RMBH. Parece que os recursos arrecadados por meio dos pedágios administrados pela concessionária da rodovia não estão sendo alocados nas áreas mais problemáticas, mas em medidas paliativas e em outras regiões. Isso resulta em tragédias quase que diárias na Fernão Dias”, completa.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 2020 e 2023 dez pessoas morreram e 21 ficaram feridas nessa porção da estrada, sendo três com gravidade. Ao todo, foram oito acidentes no período, envolvendo 11 veículos e 18 pessoas.

Segundo informações apuradas pelo gabinete do parlamentar, a BR-381 possui um fluxo diário de aproximadamente 250 mil veículos entre as cidades de Contagem (RMBH) e Guarulhos (SP). Dessa fluxo, 37% são veículos comerciais e 63% são veículos de passeio, segundo dados da concessionária Arteris Fernão Dias, que gerencia a rodovia desde 2008.

Em outro ponto crítico da rodovia, na região de Ravena (Sabará), também na RMBH, foram registradas 11 mortes e 11 feridos no mesmo período, sendo seis com gravidade, em cinco acidentes, com dez veículos e 31 pessoas envolvidas. Entre BH e Governador Valadares (Rio Doce), no trecho também sinuoso que vai até João Monlevade (Central) a estrada já ficou conhecida como “Rodovia da Morte”.

De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes, em 2022 a BR-381 registrou o maior número de acidentes (2.097) e o maior número de fatalidades (151) em todo o estado de Minas Gerais. A estrada já contabiliza 1.477 acidentes, 1.915 feridos e 79 mortes apenas no primeiro semestre deste ano, conforme dados da PRF.

Convidados
Foram convidados para participar da reunião representantes do governo federal, entre eles do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da PRF.

Também foram chamados representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), além da direção da concessionária da rodovia, a Arteris Fernão Dias.

Ainda devem participar da audiência representantes de entidades ligadas aos caminhoneiros e transporte de cargas por via rodoviária, como o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga do Estado de Minas Gerais, da Associação Brasileira dos Caminhoneiros e da Cooperativa dos Amigos Transportadores de Oliveira (Cooperatro).