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Carlos Drummond de Andrade
Festejado desde 2011 no Brasil e em Portugal, o Dia D, que celebra Carlos Drummond de Andrade, é comemorado anualmente no Sebinho. O escritor foi um dos primeiros a ver o croqui de Brasília
O poeta nascido em Itabira (MG) tinha um carinho pela nova capital do país. No poema Confronto, Drummond fala sobre Brasília por meio da antítese oferecida pela periferia, mais precisamente Ceilândia.
Carlos Drummond de Andrade, mineiro nascido em Itabira em 1902, formou-se na escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, mas, em vez de seguir a profissão, tornou-se funcionário público e poeta, tendo se ligado ao movimento modernista e deixando uma marca indelével na poesia brasileira. Como não poderia deixar de ser, Drummond também deixou pegadas na capital do país.
O urbanista;
Drummond trabalhou por 12 anos perto do urbanista Lucio Costa, embora não se falassem muito, no mesmo corredor de órgão público de urbanismo no Rio de Janeiro. Um belo dia, narra Drummond em uma crônica, Lucio apareceu e colocou sobre sua mesa um papel com uns rabiscos, que pareciam uma cruz ou um avião. Era o esboço do Plano Piloto, que, pouco tempo depois, venceria 25 concorrentes no concurso que definiria Brasília, com texto revisado por Drummond.
Da quebrada;
Outro patrimônio do Distrito Federal que traz a marca de Drummond é a biblioteca pública de Ceilândia, que foi batizada como o nome do poeta. A homenagem não é de todo despropositada. No poema Confronto, Drummond fala sobre Brasília e a periferia pulsante da capital. ;A suntuosa Brasília, a esquálida Ceilândia contemplam-se./ Qual delas falará primeiro?;, dizem os primeiros versos do poema.
O girafista;
Em 1981, o poeta escreveu sobre Brasília mais uma vez na divertida crônica A solidão do Girafo, publicada no Jornal do Brasil. O texto se refere ao episódio em que a girafa macho Raio de Luz teve de ser enviado do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro para o Jardim Zoológico de Brasília, posto que se encontrava solitário e a única fêmea disponível encontrava-se por aqui. ;Vai, Raio de Luz, vai até Brasília e procura lá a tua namorada, que te dará prazer e filhos;, escreveu.
Confronto
A suntuosa Brasília, a esquálida Ceilândia
contemplam-se.
Qual delas falará primeiro?
Que tem a dizer ou a esconder uma em face da outra?
Que mágoas, que ressentimentos prestes a saltar
da goela coletiva e não se exprimem?
Por que Ceilândia fere o majestoso orgulho da flórea Capital?
Por que Brasília resplandece
ante a pobreza exposta dos casebres de Ceilândia,
filhos da majestade de Brasília?
E pensam-se, remiram-se em silêncio
as gêmeas criações do gênio brasileiro
Carlos Drummond de Andrade
VAR Valério Adélio Rosa com original publicado em:
Fonte : correiobraziliense.com.br Por Devana Babu* 31/10/2019 06:00*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira